Política
Após pressão, Câmara retira reajuste de impostos da pauta
Comissão de Legislação, Justiça e Redação (CLJR) não irá apresentar parecer sobre os projetos de lei que preveem reajuste de impostos que variam entre 50% e 70%
Afonso Verner | 19 de janeiro de 2017 - 06:10
Comissão de Legislação, Justiça e Redação (CLJR) não irá apresentar
parecer sobre os projetos de lei que preveem reajuste de impostos que variam
entre 50% e 70%
As propostas para reajustar impostos em Ponta Grossa foram
retiradas da pauta da sessão extraordinária realizada nessa quarta-feira (18)
no Legislativo Municipal. A Comissão de Legislação, Justiça e Redação (CLJR)
não apresentou parecer sobre dois projetos que preveem o reajuste do ISS
(Imposto sobre serviço de qualquer natureza) e o ITBI (Imposto sobre a
Transmissão de Bens e Imóveis) – os reajustes nessas taxas variam de 50% a70%.
Com isso, as duas matérias não entraram em debate na sessão convocada para
votar 16 projetos enviados pelo Poder Executivo, assim como a mudanças na concessão
do Mercado Municipal.
Segundo o vereador Rudolf Christensen (PPS), membro da
Comissão, os vereadores qualificaram o projeto enviado ao Legislativo Municipal
como “muito vago”. “Não existem informações necessárias para a aprovação desse
reajuste de impostos, além disso todos os vereadores são contrários a uma
medida do tipo, a população vai ser prejudicada”, comentou o parlamentar.
Rudolf (PPS) afirmou que a Comissão deverá enviar um pedido
de informações ao Poder Executivo, autor das medidas, requisitando informações
sobre a “necessidade” do reajuste. “Precisamos entender qual será o impacto no
orçamento, da maneira como o projeto foi enviado para a Câmara, não podemos atestar
a admissibilidade dele já que faltam muitas informações sobre o assunto”, conta
o vereador do PPS.
Além dos dois projetos que aumentam os tributos de 50% a
70%, dependendo da atividade, a CLJR também não deverá apresentar parecer ao PL
que muda as regras para dívidas pequenas dívidas trabalhistas. Segundo a
proposta do Poder Executivo, serão consideradas pequenas dívidas trabalhistas
os valores até 10 salários mínimos, atualmente débitos que não ultrapassem o
valor de 20 salários mínimos são considerados pequenas dívidas e tem um outro
tramite de pagamento no Poder Público Municipal.
O Sindicato dos Servidores Municipais (SindServ) pressionou durante
a manhã para que os vereadores retirassem as propostas de pauta. O presidente da
entidade, Leovanir Martins, acredita que a aprovação do PL seria prejudicial ao
servidor público. “Colocamos aos vereadores que a aprovação do projeto existe,
em um primeiro momento, um prejuízo muito grande aos servidores municipais e na
sequência um prejuízo aos cofres municipais, pois com um prazo maior a
incidência de juros e multas serão maiores”, explica o presidente do Sindicato,
Leovanir Martins.
Caso o PL fosse, o servidor que tem processos judiciais
superiores a 20 salários mínimos para receber terá o valor alocado na chamada “fila
dos precatórios”, em que as dívidas somam mais de R$ 80 milhões. Já o reajuste
do ITBI atingiria, principalmente, as empresas do setor imobiliário e construtoras,
já o reajuste do ISS, de acordo com a proposta do Poder Executivo, atingiria 19
atividades comerciais diferentes.
Com a retirada dos reajustes de impostos e das propostas de
mudar o entendimento sobre as dívidas trabalhistas, o Legislativo Municipal
votou apenas as matérias que dizem respeito a chamada reforma administrativa da
Prefeitura. Entre as propostas estão a extinção da Fundação de Turismo, da
Agência Reguladora de Águas e Saneamento Básico (ARAS) e as mudanças na
concessão do Mercado Municipal.
Acipg e outras
entidades protestaram
A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta
Grossa (Acipg) se manifestou
contra os projetos de lei enviados pelo Poder Executivo. O presidente
da Acipg, Douglas Taques Fonseca, afirma que lideranças da Associação tiveram
uma reunião com representantes da Prefeitura, entre eles o secretário de Gestão
Financeira, Odaílton de Souza, e o procurador-geral do município, Marcus
Vinícius Freitas. “Os representantes do Poder Executivo tentaram nos explicar
os projetos, mas somos contra o aumento de impostos”, contou Douglas.
Além da Acipg, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do
Paraná (SENGE), o Sindicato da Indústria da Construção e o Sindicato da
Habitação e Condomínios repudiaram publicamente a proposta do Poder Executivo.
De acordo com as entidades, o momento não é o mais oportuno para reajustes do
tipo e a proposta do Poder Executivo prejudicaria, principalmente, pequenos e
médios empresários.
Presidente previa “sessão
turbulenta”
O presidente do Legislativo Mainardes (DEM) já previa uma
sessão “intensa”. Com o encontro começando a partir das 9h, os vereadores inicialmente
formaram as comissões internas da Casa de Leis e só então iniciaram a análise
dos projetos. “São iniciativas polêmicas e que demandam muita discussão com a sociedade
e entre os próprios vereadores, precisamos ter cautela nesses momentos”,
comentou Sebastião.